Compartilhe comigo histórias do dia-a-dia, mas que não deixam de ser inesquecíveis!!!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Momentos Mágicos

21 de Julho de 2011, quinta-feira, 7:00 horas. Levanto da cama, preparo um reforçado café da manhã (frutas, leite, queijo, suco de laranja e yogurt). Em seguida, o tradicional exercício físico, com duração de 30 minutos, seguido de um refrescante banho. Tudo indicava um dia comum, sem qualquer surpresa.
10:00 horas, recebo um telefonema de Júnior, meu sobrinho, convidando-me para comparecer ao Teatro de Bolso, com a finalidade de integrar a comitiva da Escola de Samba de Madureira do Turf, Campeã do Carnaval 2011, para receber os troféus indicados pelo radialista Marcelo Sampaio, produtor e apresentador do programa Ritmo da Folia na TV Litoral. Imaginei de pronto: mais uma festa sem emoção, chamando pessoas para o recebimento dos troféus correspondentes, com falação interminável. Porém, jamais poderia recusar tal convite, pois se tratava da Escola de Samba de Madureira do Turf, bairro em que nasci e onde vivem os meus queridos familiares.
Cheguei na hora marcada - 20:00 horas, e logo de início, uma agradável surpresa: o espetáculo iniciou na hora certa, com a presença do organizador Marcelo Sampaio e de sua graciosa parceira. Presença marcante essa do Marcelo! Fala naturalmente, com ênfase, abordando questões complexas e sem receio de desagradar a gregos e a troianos. Gostei do cara!!
E as surpresas começaram a surgir. Início dos momentos mágicos, inesquecíveis. Primeiramente, com uma apresentação de um conjunto composto de 10 ou 12 pessoas, mostrando a origem do Maculele, Gongo, Capoeira e Samba, com uma elegância, correção e leveza encantadora, inclusive com uma menininha de uns 6 ou 7 anos, dançando como gente grande e irradiando a pureza, a doçura da infância. Maravilha!! É pra aplaudir mil vezes!!




Prosseguindo, é levado em cena a figura antológica de Geraldo da Gamboa, trajado como sempre, elegantemente, recebendo justíssima homenagem, cantando música de sua autoria. 82 anos, com voz forte e ao mesmo tempo suave de alguém com 20 anos. Com acompanhamento de Charles, ao violão, mostrando maestria e conhecimento de um veterano. Brilhante!!
É comunicado ao palco Robertinho "Boca de Encrenca". Iniciando a sua falação, pensei: "Com esse nome, Boca de Encrenca, certamente a confusão vai começar!!" Engano total! De seu falar, palavras de integração, amizade, união, paz e amor foram transmitidas no ar, proporcionando entendimento geral. Robertinho, não mais boca de encrenca, mas sim boca de paz, confraternização e amor. 
Finalmente, no local onde a ilusão se torna realidade e a realidade se torna ilusão, Teatro de Bolso, uma incoerência paira no ar. Reunidos, praticamente todos os "monstros" sagrados do samba, únicos responsáveis pela sobrevivência desta cultura popular e imorredoura, a uma só voz explodiram: Queremos o nosso carnaval na data certa!!! Indaga-se: Se o samba/carnaval, sobrevivem exclusivamente em razão da participação dos componentes das escolas, blocos, bois, etc, porque o carnaval da nossa cidade é realizado em desacordo com o desejo de todos?
Obrigado Marcelo, agradecimento esse extensivo a todos os incansáveis e legítimos integrantes e representantes da nossa maior cultura popular, samba/carnaval, pelos inesquecíveis momentos mágicos desfrutados!   


segunda-feira, 25 de julho de 2011

Realidade ou Ilusão?

Joãozinho da Banana, homem criado no interior de Murundu, trabalhador braçal, competente cortador de cana, sonhava diariamente em alcançar um futuro melhor. Solteiro, 23 anos, forte como um touro, apesar de mal alimentado, morando sozinho num casebre desconfortável, pois a sua mãe falecera, e o pai era desconhecido. Desejo maior: encontrar a companheira ideal. Numa noite de sábado, mês de Junho, festa de São João na localidade. Comprou roupa nova, no saldo da feira, imaginou: "Hoje, se Deus me ajudar, vou encontrar o meu amor!"
Festança iniciada, rojões soltos, alegria contagiante. De repente, olhou para a frente e os seus olhos brilharam, o seu corpo arrepiou, paralisado ficou!! Vislumbrou uma imagem repleta de graça, beleza e alegria. Joana, morena de corpo esbelto, olhos verdes, cabelos castanhos, com vestido de cor reluzente. Levados por desejo divino, os dois se olharam. Amor repentino, esfuziante, contagiante! Completamente extasiado, Joãozinho da Banana mudo ficou. Joana, nervosa, estremecida, também nada falou. No roça-roça da festa, alguém esbarrou em Joana e ela nos braços amparadores e acolhedores de Joãozinho ficou.
Inevitavelmente, a conversa começou. Apresentação de lá e de cá, participaram do Arraiá, dançando a noite inteira. Felicidade total, carícias íntimas trocadas. Festa encerrada, Joãozinho indagou: "Posso levá-la em casa?" Joana respondeu: "Não, sou filha única e meu pai não vai gostar. Estou na festa porque ele viajou para a cidade."
Joãozinho triste, lamentou e perguntou: "Quando então, posso vê-la?" e a resposta surgiu: "Somente no ano que vem, neste mesmo local, na mesma hora." E repentinamente, se mandou. Pálido, gélido e surpreso, Joãozinho da Banana quase se petrificou. Desolado, rumou para o seu modesto casebre e acordado permaneceu o dia inteiro, pensando nos momentos felizes que passou.
No ano seguinte, no mesmo local, na mesma hora, Joãozinho, nervoso e apreensivo, na festa do Arraiá chegou. Dolorosa decepção! Joana não compareceu.
Os anos se passaram, e Joãozinho jamais deixou de comparecer na dita festa, cumprindo rigorosamente os mesmos detalhes. Joana, da mesma forma que apareceu, igualmente desapareceu.
Hoje, contando 60 anos de idade, Joãozinho continua em seu calvário, jamais procurou manter contato com outra mulher, vivendo em completa solidão. Indagando, em todos os momentos, se Joana era uma realidade ou uma ilusão.