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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Realidade ou Ilusão?

Joãozinho da Banana, homem criado no interior de Murundu, trabalhador braçal, competente cortador de cana, sonhava diariamente em alcançar um futuro melhor. Solteiro, 23 anos, forte como um touro, apesar de mal alimentado, morando sozinho num casebre desconfortável, pois a sua mãe falecera, e o pai era desconhecido. Desejo maior: encontrar a companheira ideal. Numa noite de sábado, mês de Junho, festa de São João na localidade. Comprou roupa nova, no saldo da feira, imaginou: "Hoje, se Deus me ajudar, vou encontrar o meu amor!"
Festança iniciada, rojões soltos, alegria contagiante. De repente, olhou para a frente e os seus olhos brilharam, o seu corpo arrepiou, paralisado ficou!! Vislumbrou uma imagem repleta de graça, beleza e alegria. Joana, morena de corpo esbelto, olhos verdes, cabelos castanhos, com vestido de cor reluzente. Levados por desejo divino, os dois se olharam. Amor repentino, esfuziante, contagiante! Completamente extasiado, Joãozinho da Banana mudo ficou. Joana, nervosa, estremecida, também nada falou. No roça-roça da festa, alguém esbarrou em Joana e ela nos braços amparadores e acolhedores de Joãozinho ficou.
Inevitavelmente, a conversa começou. Apresentação de lá e de cá, participaram do Arraiá, dançando a noite inteira. Felicidade total, carícias íntimas trocadas. Festa encerrada, Joãozinho indagou: "Posso levá-la em casa?" Joana respondeu: "Não, sou filha única e meu pai não vai gostar. Estou na festa porque ele viajou para a cidade."
Joãozinho triste, lamentou e perguntou: "Quando então, posso vê-la?" e a resposta surgiu: "Somente no ano que vem, neste mesmo local, na mesma hora." E repentinamente, se mandou. Pálido, gélido e surpreso, Joãozinho da Banana quase se petrificou. Desolado, rumou para o seu modesto casebre e acordado permaneceu o dia inteiro, pensando nos momentos felizes que passou.
No ano seguinte, no mesmo local, na mesma hora, Joãozinho, nervoso e apreensivo, na festa do Arraiá chegou. Dolorosa decepção! Joana não compareceu.
Os anos se passaram, e Joãozinho jamais deixou de comparecer na dita festa, cumprindo rigorosamente os mesmos detalhes. Joana, da mesma forma que apareceu, igualmente desapareceu.
Hoje, contando 60 anos de idade, Joãozinho continua em seu calvário, jamais procurou manter contato com outra mulher, vivendo em completa solidão. Indagando, em todos os momentos, se Joana era uma realidade ou uma ilusão.

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